quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Crônica - Diário Catarinense‏




O atual governo do Estado inicia exatamente como terminou o anterior: sem um presidente na Fundação Catarinense de Cultura.

Escrevo esta crônica na noite de 3 de janeiro. Até o final da tarde não havia na FCC qualquer informação sobre comando da casa: nem presidente, nem diretores, nem gerentes, chefia nenhuma, tudo absurdamente olhado como cargos de confiança a serem preenchidos por afilhados políticos de acordo com questionáveis cotas partidárias: nada de profissionalismo, nada de valorização do pessoal de carreira, nada de continuidade administrativa e de projetos. Tudo parado no Centro Integrado de Cultura, complexo cultural que é forçado a ceder quase metade do seu espaço para abrigar a Fundação.

A data em que este texto é escrito mostra duas coisas: passados já três dias de governo, não há sequer nome escolhido para conduzir as atividades culturais em Santa Catarina - um dos poucos estados da Federação que, de modo também absurdo, não conta com uma Secretaria da Cultura. Como se o Estado não precisasse disso, como se não houvesse necessidades urgentes na área.


A segunda coisa: nesta data, completam-se três meses que o governador foi eleito em primeiro turno. Como não teve tempo, disposição ou vontade de definir o comando da FCC, certamente há de fazê-lo agora de improviso, às pressas, porque o tempo urge - e a possibilidade de fazer uma má escolha só aumenta com o tempo.

O governador anterior, um vice que assumiu porque o governador eleito que tanto quis acabar com a Biblioteca estadual saiu para ser senador, exonerou o presidente da Fundação no dia 16 de dezembro e ninguém fala por que Antonio Ubiratan de Alencastro, do mesmo PSDB do vice efetivado, foi assim subitamente descartado. Sempre ressalvando que mais tarde contarão direito a história, as pessoas dizem que "o Bira vacilou e foi exonerado" ou "queriam que o Bira fizesse coisas com as quais ele não concordou".

Só há dois motivos para exonerar alguém do segundo escalão a 15 dias do fim do mandato: ou porque fez algo muito feio e errado ou porque recusou-se a fazer algo muito feio e errado. Pelo pouco que conheço do Bira, ele é o tipo do católico ativo, convicto dos Dez Mandamentos e incapaz de meter-se em aventuras condenáveis, feias e erradas.

Assim se dá a continuidade no governo do Estado: sob o signo do descaso. A Biblioteca Pública que se cuide.



[Amilcar Neves]


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E a propósito a obra (interminável) do CIC será que acaba nesse governo?

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