quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Um Luga Para Você...

Entre Idas e Vindas. Dentro do Ônibus em engarrafamento em Laguna.


Bem...
Depois de uma temporada estou eu aqui novamente.
Resolvi escrever sobre um livro que andei lendo e que por sinal me surpreendeu, estamos falando aqui de “Um Lugar na Janela” livro de Martha Medeiros. Sim ela conseguiu mais uma vez me surpreender e antes de começar a falar do livro queria até retornar a um papo que andei largando esses dias no facebook que tem uma ligação querendo ou não com o livro.

Retorno a falar do não lugar, o aeroporto e a rodoviária serem o não lugar, bem para quem ainda não está antenado no que é esse tal “não lugar” é o seguinte, Marc Augé um filósofo bem do queridinho resolveu denominar de "não-lugares" alguns ambientes como aeroportos, trens, ônibus, hotéis e parques de lazer, por serem espaços de passagem ou seja, esses lugares que não estabelecem com o sujeito níveis de relação identitária ou de afetividade. 

Para o pesquisador o não-lugar não gera memória nem referências para além dele mesmo, portanto, não cria laços ou relação com os sujeitos que o habitam. Porém eu faço aqui perguntas simples de como é possível não criar laços com parques? Como não criar laços com trens? Como não criar laços com rodoviárias?

Particularmente eu tenho laços e vínculos com todos esses ai, meus queridos, quem nunca se lembrou de um lindo domingo de sol e nunca fez a referência com o Ibirapuera (eu tenho com o Ibira, desculpa aê) com as pessoas correndo pelo parque, com pessoas passando o dia lá abraçados, quem nunca pensou em dias lindos de outono com aquele frio, aquele clarão do sol e um lindo jazz da Nina Simone I Wish I Knew How It Would Feel To Be Free tocando no seu fone de ouvindo enquanto você anda pela rua tropeçando em pessoas e com uma pilha de papéis e livros embaixo do braço, sim é possível sim você criar laços e referências e digo mais, não só você, pois se você reconhece esse lugar, se você se sente “vivo” como não é possível estabelecer uma relação e uma afetividade, como não estabelecer um lance com o metrô de SP, como não estabelecer uma afetividade com a rodoviária que tanto já te deixou feliz, bem como ao mesmo tempo já te partiu o coração...

É possível sim meus queridos criar laços, é tão possível que esse livro da Martha Medeiros é meio que uma “prova” disso tudo. Um lugar na Janela é o estar não estando, é o sonhar e o traçar rotas e trajetos para quem como eu, é apaixonada pelos escritos da Martha, vai sentir uma pequena diferença, para nós que estamos acostumados a ler e levar aquele soco na boca do estômago esse livro é um pouco mais relax.

Não é um guia turístico, porém ele dá uma vontade errrrrrrrrrrmeeeeeeeeeeeee de pegar uma mala, uma mochila e vender tudo o que se tem dentro de casa e partir por mundo, particularmente eu tenho uma paixão por viajar e também partilho alguns pensamentos da Martha, acredito que viajando a gente ve tudo de fora, a gente acaba tendo um encontro com nós mesmos é ali que você se (re) conhece, que você se até mesmo se revê e cria novos laços com sua própria pessoa.
Bem como falei anteriormente o livro de Martha não é um guia turístico e sim um livro de crônicas (bem a cara de Martha) com impressões de lugares, com relatos de lugares, comidas, bebidas, ruas, cidades, arquitetura .... Enfim é a vida de viajante, é a vida de quem se arrisca e eu acredito que se arriscar está ai, basta pegar a bicicleta e sair, basta pegar um ônibus e observar pela janela com olhos de quem vê o novo, mesmo passando por esse lugar todos os dias, é criar laços de amor e ódio com o caos do dia a dia.

Viajar é lembrar do gosto do café em Porto Alegre as 5h da manhã na rodoviária, viajar é sentir medo de entrar no avião pela primeira vez, viajar é conhecer aquele caminho nunca percorrido por você e saber que quando voltar lá a rota não vai ser mais a mesma e que mesmo assim vai bater aquela saudade de tudo como era antes.

Arisque-se vá conheça o que bate ai dentro de você, crie laços, crie gosto, crie cheiro, crie lances legais com sabe-se la quem afinal você está viajando e quem sabe essa não é a oportunidade de dar-se uma oportunidade.



2 comentários:

Gisele Almeida da Luz disse...

Sempre bom ler teus textos!

Nanin Turnsun disse...

Arisque-se vá conheça o que bate ai dentro de você, crie laços, crie gosto, crie cheiro, crie lances legais com sabe-se la quem afinal você está viajando e quem sabe essa não é a oportunidade de dar-se uma oportunidade.