sábado, 16 de julho de 2011

Mnemósine...


Numa manhã de sábado em que o sono me foi roubado, envolta a sons de carros que passam na rua, ao som de alguém rastelando o quintal eu fico observando o meu quarto. Mais precisamente uma parede bem a minha frente que atem toda minha atenção, fico olhando para o meu quadro de recados e começo a pensar em quem sou eu? Ed o que estou fazendo?

E lá vem inúmeras perguntas enquanto minha barriga começa os seus primeiros roncos matinais, fico olhando pro quadro de recados e observo pedações de mim, pedaços de alguém que fui, de alguém que sou e até quem sabe serei.

Na realidade vejo que o quadro não guarda recados e sim memórias, como pode alguém que vive da memória dos outros nunca pensar na sua própria “memória”. Observo ali lembranças boas de uma época de mudanças, crescimento e descobertas de mundo, sem querer observo que ali tem partes diferentes de conquistas pessoais.

Um recorte de certa “Igreja Circular da Cevada Divina de Todos os Dias”, uma época em que descobertas e mudanças foram fundamentais, o crescimento pessoal, querendo mudar o mundo fazendo a revolução mais um sonho utópico de alguém que fazia um curso de História e achava que iria mudar o mundo, não me sentia muito feliz no curso, mas cada gole de cerveja e a companhia de pessoas fantásticas fazia valer a pena cada segundo. Mas com certeza a revolução acabava juntamente com a cerveja.

Nisso ainda tenho lembranças de minha 5ª série, o meu título de eleitor ali grudadinho. Uma foto de uma piscina e abaixo dela uma frase “pra lembrar o que éramos” ou algo parecido com isso, uma lembrança mais recente de um salão de arte no qual fiz amigos e abri um pouco mais a minha cabeça pra essa coisa de arte contemporânea.

Um modo engraçado de ver que a coisa acabou e é incrível, pois tenho exatamente a lembrança de duas pessoas que foram importantes em minha vida “sentimental” não pelo começo, nem o durante e sim o final, uma lembrança de um bar de SP que com certeza não só pelo término de tudo, mas sim porque o bar pode-se dizer acabou com um “medo” que eu tinha. A outra é um tipo postal que peguei numa exposição no MARGS onde um coração é segurado ou entregue depende como você vê. Cresci com ambas as pessoas uma sucedeu a outra, mas com particularidades diferentes que me fizeram bem e me orgulho de cada pessoa.

Percebo algumas anotações qualquer, um receituário médico, mais algumas obras de arte em tamanhos pequenos, o endereço de uma grande amiga. Até que percebo duas coisas que se interligam, um folder do meu atual curso “Museologia”, onde eu realmente me encontrei profissionalmente e um folder da empresa onde presto serviços.

E é ai que eu paro e começo a pensar nas minhas ”memórias”, observo que tudo naquele pequeno espaço de metal não é nada mais nada menos que um pedaço de alguém que fui e sou, percebo que aquela criança da 5ª série que queria ser atleta, hoje é uma adulta com suas responsabilidades, com seu trabalho, que ama, que bebe, que se desilude, que traz consigo retalhos de uma memória bem a sua frente e nunca percebeu.

Como é fácil revirar a memória dos outros e ir embora, mas como é difícil lembrar de tanta coisa e sair inteira.



Um comentário:

Antoniela disse...

Bonitas frases, especialmente a última. Tristemente belas.